quarta-feira, 14 de maio de 2014

"Forças Ocultas" estariam tentando impedir os debates no Guarujá

     Quase cinqüenta anos depois de um golpe de Estado que jogou o país num período de ostracismo e retrocesso que ecoam até os dias de hoje, a democracia ainda é uma criança que engatinha e que, como tal, merece todos os cuidados. Os descaminhos do cerceamento não podem inibir o exercício da política plena de democracia. Em época de eleição é extremamente louvável que todas as ferramentas que facilitem a comunicação entre o candidato e o eleitor sejam utilizadas. O debate entre os candidatos para que haja o confronto de idéias e proporcione ao eleitor a avaliação de cada plano de governo é, com certeza, a mais expressiva dessas ferramentas e não utilizá-la é empobrecer o processo eleitoral. Fico me perguntando, a quem pode interessar a não realização desses debates, como vem ocorrendo no Guarujá? Por que tanto entrave e contratempos boicotando aquilo que deveria ser um direito dos eleitores? Como explicar, por exemplo, a negativa da Câmara Municipal em acolher o debate do dia 29/08, promovido pela OAB, depois de duas reuniões anteriores específicas para análise de possíveis problemas? Como explicar a não realização do debate do dia 20/09, na Uniesp, anunciado com um mês de antecedência, devido a “problemas técnicos” constatados pela TV Itapema (responsável pela transmissão ao vivo) a cinco minutos do debate? Estariam “forças ocultas” mais uma vez interferindo na política brasileira? Fato é que estamos perdendo uma oportunidade preciosa e 
sem
 precedentes de provar que Guarujá tem condições de apresentar uma política assertiva, pujante, porém sem ranços de coronelismo, autoritarismo e abuso de poder econômico. Estamos perdendo a oportunidade de mostrar que a eleição no Guarujá não é a polarização entre dois candidatos, mas sim, a concorrência leal entre nove candidatos que se acham preparados para assumir a Administração Municipal. Substancialmente perde também, mais uma vez, a população sendo privada do seu direito primordial à informação. A democracia no Brasil não foi conquistada, mas sim, arrancada do seio de um regime ditatorial à custa do sangue de muitos brasileiros que ousaram se incomodar com a falta de liberdade de expressão. Hoje, é nosso dever e compromisso seguirmos vigilantes para que esse sangue derramado não tenha sido em vão e para que não negligenciem o nosso direito ao questionamento, a escolha, a decisão feita através de um senso crítico apurado e não pela coação, pelo embuste e pela farsa, verdadeira pantomima que querem nos apresentar. Cidadão guarujaense esteja atento!!. Exerça a sua cidadania e atenda ao chamamento da democracia. O melhor para o Guarujá é você quem tem que escolher. É seu direito e seu dever. 


AMANHÃ (26/09/2012), ÀS 19:30 - DEBATE COM OS CANDIDATOS A PREFEITO DE GUARUJÁ, 
NA FACULDADE UNAERP- DIRIGIDO A ESTUDANTES, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DA UNAERP
ATENÇÃO: A PRINCÍPIO ESSE DEBATE SERÁ TRANSMITIDO AO VIVO PELA TV ITAPEMA  CANAL 04 
E E TV ILHA DO SOL CANAL 36 - UHF - 

O Homem que Queria Salvar o Mundo

Há dez anos perdíamos  o “Homem Que Queria Salvar o Mundo” , Sérgio Vieira de Mello. Sérgio era o nosso diplomata na ONU. Um dos diplomatas mais carismáticos e corajosos da sua geração. Foi, sobretudo, um grande político. Estrategista e pragmático como lhe impunha o cargo de diplomata, mas também dotado de um senso crítico apurado, moldado nas ruas de Paris em Maio de 1968. Sabia como ninguém a arte de contrabalançar esses dois polos inerentes a sua personalidade. Sua formação acadêmica em filosofia lhe proporcionava um ângulo diferente sobre os conflitos que gostava de acompanhar de perto, diferentemente da maioria de seus colegas que preferiam os gabinetes de Genebra. Inquieto, sempre a procura de novos desafios, esteve em situações especialmente dramáticas como a crise humanitária em Ruanda, ou ainda, na difícil transição para a independência no Timor Leste.  Nessas ocasiões, era sempre muito fiel aos princípios da Organização para a qual trabalhava, ainda que ficasse bastante à vontade para lhe tecer críticas também quando fosse necessário. Acreditava que o sistema internacional seria bem mais eficaz e humano se enfocasse a dignidade. A dignidade das pessoas, das comunidades e dos países. Sabia que estrangeiros poderiam trazer dinheiro, força política e tecnologia, mas, desde que, apoiassem lideranças, processos e desenvolvimento de capacidades locais.  E só assim ele entendia, apaixonando-se cada vez mais pelo que fazia. Determinado,  não media esforços, até mesmo físicos, para a obtenção de resultados positivos. Determinação essa, por exemplo, que o levou, em 1992, a um encontro com guerrilheiros do Khmer Vermelho dentro da selva, no Camboja, tornando-se a primeira visita oficial da ONU, em tentativa de negociação, depois de muitos anos.  
Em  2003, depois dos EUA se darem conta que a questão no Iraque seria mais complexa do que parecia, a ONU interveio. Talvez um pouco tarde. Na política do terror implantada por George W. Bush, “ou vocês estão do nosso lado, ou estão contra nós”, não havia espaço para neutralidades e o Iraque enxergou na presença da ONU ali, naquele momento, um alvo vulnerável, acabando por custar a vida do nosso diplomata e de toda a sua equipe.  Curiosamente, Sérgio Vieira de Mello encontrou-se no final, na posição de muitas vítimas a quem tinha defendido ao longo de sua carreira. Morreu acreditando que a ONU tinha o dever de fazer a diferença e, infelizmente, foi essa crença que o soterrou. Que fique o legado e o exemplo de grande cidadão do mundo que o Sérgio foi. Um brasileiro que, com certeza, muito me orgulha nesses tempos escassos de “boa safra”. 

PS: Texto publicado hoje no jornal O Itapema. 

(Postado originalmente em 02/03/2013)- blog Sidnei Aranha) 

Por que não uma Papisa

No próximo dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Ao ser criada essa data, não se pretendia apenas comemorar, mas sim, discutir o papel da mulher na sociedade atual. Hoje, apesar dos avanços, existem lugares onde a mulher ainda é vista como mera coadjuvante do homem, o que acontece na maioria das religiões, que repetem conceitos, ou preconceitos, de uma sociedade patriarcal.

No Vaticano, a renuncia sem precedentes do Papa Bento XVI suscitou a necessidade de atualização imediata da Igreja Católica, visando à aproximação e manutenção de fieis. União homoafetiva, utilização de preservativo e ordenação de mulheres, por exemplo, foram temas cogitados, ainda que timidamente, para uma pauta de discussão que eventualmente ocorreria, ou deveria ocorrer, com um novo Papa de linhagem menos ortodoxa.
No que se refere à ordenação de mulheres, já existem "mulheres padres", inclusive no Brasil. O Vaticano poderia excomungá-las, mas prefere apenas não reconhecê-las e ignorá-las para que o assunto não tome proporções maiores do que já tomou.
A verdade é que a própria Bíblia como conhecemos hoje, baseada na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento escrita por setenta homens), é de natureza extremamente machista e dá margens às interpretações equivocadas quanto à participação feminina no sacerdócio. Mas, se as culturas evoluíram, e caminhamos a passos largos para a igualdade de direitos entre homens e mulheres em todas as instâncias da vida, por que não também nas religiões? Por que um chamado de Deus às mulheres é menos legítimo do que um chamado de Deus aos homens?

Se a Igreja Católica insistir e se manter reticente aos apelos de atualização, será sufocada por seus próprios dogmas e caprichos. Se a mulher está em todos os segmentos da sociedade, que esteja também no sacerdócio, no Conclave e nos nomes cotados  à sucessão do Papa. Se for verdade, que no sec. XII tivemos uma Papisa, a Papisa Joana, o que nos impediria agora? Por que não uma PAPISA?

Artigo publicado hoje em Cidade de Guarujá Online

(Postado originalmente em 28/03/2013 -Edição e revisão de texto- blog Sidnei Aranha)

Encontro Nacional Mensagem ao Partido

-O início da REFUNDAÇÃO DO PT- 
Reflexões que devem ser ouvidas por todos aqueles que GOSTAM E QUE NÃO GOSTAM DO PT. Caminhamos para a REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA. Movimento que, atendendo a convite, pude participar e do qual muito me orgulho.




No último dia 22 de março, foi lançada a candidatura do deputado Paulo Teixeira à Presidência Nacional do Partido dos Trabalhadores, pelo Grupo Mensagem ao Partido. O evento aconteceu no Auditório Nereu Ramos, em Brasília e, além de Paulo Teixeira, contou com a presença de outros integrantes do grupo, como o Governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro,o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, o Deputado Estadual, Carlos Nader e o Vereador de São Paulo, Nabil Bonduki, além de outros parlamentares de vários estados do país.

O Encontro foi um marco para a refundação, a reestruturação do PT, representada, sobretudo, pelo lançamento do nome de Paulo Teixeira à Presidência Nacional do PT. Como ressalta o próprio Teixeira, sua candidatura será a defesa do legado da história do PT e dos avanços dos governos Lula e Dilma, pelas conquistas e avanços sociais, políticos e econômicos que estão mudando o Brasil, mas, principalmente, será também o desejo de mudança nas instituições políticas brasileiras: "temos que lutar para que a representação das mulheres na política seja em mesma proporção que na sociedade, assim como incluir as minorias, os negros e a população indígena." Teixeira completa a sua fala, destacando a necessidade de um debate sobre os meios de comunicação no país.


Veja a participação completa do deputado Paulo Teixeira e outros debates do Encontro da Mensagem ao Partido, nos vídeos abaixo:


(Postado originalmente em 30/03/2013- blog Sidnei Aranha)

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Poeminha de Verão

BALAIO DA GATA:









 A gente não fez planos juntos,

não dividiu sonhos,

nem ideais.

Não compartilhou preferências,

não fez concessões,

e nem discutiu pormenores.

A gente não teve música preferida,

viagem inesquecível

e nem jantar especial.

Não teve sessão de cinema,

sofá em dia de chuva,

nem domingo de sol.

Não tivemos dia dos namorados,

primeiro brinde,

primeiro presente,

sequer primeira briga,

que dirá uma volta.

Mas quando você foi embora,

fiquei tão triste, tão triste,

que a coisa de que mais senti saudade,

foi exatamente de tudo isso que a gente não teve.

Dizem que dor de amor mal resolvido é assim:

"Todo dia passa um pouquinho...

...mas não passa nunca!"    (Clara Gurgel

(Postado originalmente em 20/02/2013/ site Interrogações)

Verso pelo Avesso

Viro o verso pelo avesso,

Não tenho medo do reverso.
O que não rima, 
Não desanima.
Você é meu exercício
de desprendimento.
Nada espero, nem idealizo.
Somos tão diferentes
que nos encontramos na outra ponta.
E o encontro instiga, atiça,
coça, roça,
assanha a sanha.
Sei que vou morrer não sei a hora
mas se vivo, viva o coração no pulso! 
Tomo gosto e ponho meu barco no mar.          
Hoje é dia do Círio de Nazaré.                             
Nazinha que me proteja
e vice-versa!
Faço o sinal da cruz,
Reverencio Yemanjá

e viro o verso pelo avesso...

( Postado originalmente em18/10/2012/ site Interrogações)

Keilista Karaíva - Garota Estileira

Quando cheguei no Guarujá, a sua família foi uma das primeiras que conheci. Curiosamente, você foi sempre a que tive menos contato. Notícias suas só tinha assim, an passant. Sempre voando. Uma hora no Sul, outra em Sampa, outra em Trancoso...

Mas em janeiro, quando te levei algumas vezes para a radioterapia em Santos, nos aproximamos. Mesmo com a morte vigiando da esquina, falávamos de vida. Das nossas vidas. Amores, dissabores e planos (e você tinha tantos!), o restaurante, sua filha, um novo amor,  talvez voltar a Trancoso, quem sabe?

Quem saberia? Pelo menos quem ousaria naquele momento, pensar na estupidez da inexorabilidade da morte, esse hiato sem fim, desmantelando todos esses planos? Não sei se atropelo o sujeito ali dizendo que “quem tem planos não morre”, ou, sei lá, acredito que seja melhor pensar assim que de fato, você não tenha morrido, mas se libertado daquele corpo doente que não combinava nada, nada, contigo. Uma mulher inquieta, ativa, irreverente, multitalentosa, que colocava paixão em tudo o que fazia. Como ficar presa naquele corpo carcomido?! Não era para você. Não mesmo!   

Vai, Keilista Karaiva! Vai ser livre de novo como sempre foi, ao sabor do vento. Vai visitar os corações abertos daqueles que te queriam tanto e tão bem, aqui, em Sampa, em Trancoso ou em qualquer outro lugar, vai sem medo.  A sua flor, a sua Antônia Flor, que pelo visto, será tão irreverente e determinada quanto a mãe, será muito amada por todos, tenho certeza.

Sabe, ontem mesmo, um cara que eu gosto muito, o Alessandro Martins, escreveu o seguinte: A grande pergunta não é se existe vida depois da morte, mas antes dela.” Quando li pensei em você e fiquei tranquila. Sei que a sua temporada por aqui foi curta, mas intensa, e só posso me despedir dizendo que foi um prazer te conhecer e fazer parte, pelo menos um pouquinho, da sua vida, garota “estileira” (nunca mais me esqueci do dia em que definiu assim a minha calça, "estileira"). VOCÊ, sim, era o estilo em forma de gente. Tão única e autêntica. Estilo seu, só seu, intensa. Coisas de quem sabe que a vida, independente da morte, pede urgência.

Valeu, Keila!


Bem vinda, para sempre, ao meu coração. Beijo! 

( Postado originalmente em 06/06/2013 Gaveta Virtual/blog pessoal)

Estrangeira

 Contra o tempo, corro tentando colocar o corpo, a cabeça e a casa em ordem. Há sempre o hiato na volta porque já não sei exatamente de onde volto. Não me reconheço mais em meus pares, agora tão díspares e igualmente queridos, para sempre amados. Estrangeira onde quer que eu vá, sempre é aqui, em mim, que me encontro, cavucando  meus desencontros, amores, dissabores, alegrias e afins.

O cotidiano bate à porta. Não abro, mas ele mete os dois pés na porta e entra. Por que uma empresa imagina aumentar a sua produtividade aumentando em uma hora diária a carga horária de trabalho? Por que a suspensão do carro está fazendo barulho? Por que o gato está tão magro? Por que essa planta murchou? Será que sentiu a minha falta? Bobagem! Nem pessoas estão murchando mais por saudade.

Entre meus emails, procuro por aquele que “vai mudar a minha vida”. Eu sei, ele não existe. Provavelmente nunca chegará, mas o gostoso é a espera no portão. Rodo pelasredes sociais e por alguns sites frequentemente visitados, cumprindo um rito quase sagrado (não ler é pecado), quando me vem à cabeça um post de um amigo  virtual, falando sobre a “possibilidade de querer ser um intelectual”:

Sim, possibilidade de querer ser porque ser é algo que não sei se alcançarei um dia. 
Poder abrir mão do conforto da ignorância e, ainda sim, desfrutar do prazer de "saborear" texturas e "observar" paladares diversos. Perder aos poucos o agradinho mais ou menos de enxergar as cores apenas em seus tons primários e experimentar a dor e o gozo dos múltiplos tons, entre opacos e desgastados, às vezes em cinzas variados ou brancos, de tanta luz. 
Em certos momentos, a mesma escolha que leva a quartos escuros de ausência de todas as cores, um breu e um medo - não, muitos medos-, incertezas e ansiedades. Há um quê de desilusão em experimentar os caminhos aos quais o trem da busca pelo conhecimento nos leva. Entretanto, é inegável que a excitação das descobertas, mesmo que nem sempre (ou quase nunca, em verdade) cromadas com o pincel da esperança, é elemento nobre desse (des)caminho.
Primeiro, a crise da grande mudança de patamar dos problemas a serem discutidos; depois, o aprofundamento da sensação de ser "bandido" no mundo. Logo em seguida, o desmanchar do senso comum, "mãe, inventaram minhas tradições" Tudo isto, ao som de Bille Holiday . (Welber Santos)
  
Não tenho a pretensão, perfeitamente cabível ao meu amigo, de me tornar uma intelectual. Por enquanto, vou tateando, vibrando quando vírgulas, crases e porquês não me dão rasteiras. Mas, Welber, como a gente costuma dizer quando um post é bom: “esse é pra levar pra vida! 


 Tudo isto, ao som de Jason Mraz, que me persegue há dias, não
sem
 razão. 

(Postado originalmente em 08/09/2013/Gaveta Virtual/blog pessoal)

Cabeça Cheia



BALAIO DA GATA: 



Mãelembra que teve apagão?
É filho, teve...
A parte que eu mais gostei foi aquela que você ficou comigo e com o Pedro.

Mãe, sabe onde eu guardo minhas lembranças boas?
Onde, Davi?
Aqui ó (aponta pro braço)
No braço, filho?
É, no cérebro fica muita coisa e é difícil pra achar depois!
(Clara Gurgel)


(Postado originalmente em 23/02/2013/site Interrogações.)


É Dia de Davi!

  Na primeira vez que te vi, há quatro anos, você era rosa. Você chorou e eu sorri. Maior do que eu esperava, ocupou um espaço enorme em mim. Não me importei. Gostei! Tomou todo o meu tempo, meus dias, minha insônia e também os meus seios. Virou tema recorrente nas minhas rodas de conversa e assunto para a minha falta de assunto. Mas não me policiei.
     Eu me permiti lamber, cheirar, beijar, babar, errar e acertar. Aprendi a compartilhar, doar e receber. Ouvi muitos conselhos. Uns até segui. Outros, dei de ombros. Simpatias? Até hoje sei um vasto repertório, mas fazia só a do pontinho vermelho. Aquela do soluço. E não é que parava?!
     Recorri mesmo foi ao instinto. Não ao materno, mas sim,  ao de sobrevivência. Precisava "sobreviver", e bem, por você e por mim ao evento que é ter um filho, ainda que fosse o segundo, tão essencial, querido e diferente do primeiro, o Pedro.
     Davi é a minha segunda janela. Mais uma chance que tive de espiar com singularidade e generosidade o mundo que, com certeza, ficou bem melhor depois que eles chegaram. São meus dois olhos por onde enxergo através do amor. Onde me reconheço mais humana, mais condescendente até comigo. Pode ser clichê mas não me importo, vou me permitir. Porque com eles é assim:  vivo me permitindo e tenho sido redundante e obviamente FELIZ! Não vou me policiar...não com eles!  Na primeira vez que te vi, há quatro anos, você era rosa. Você chorou e eu sorri. Maior do que eu esperava, ocupou um espaço enorme em mim. Não me importei. Gostei! Tomou todo o meu tempo, meus dias, minha insônia e também os meus seios. Virou tema recorrente nas minhas rodas de conversa e assunto para a minha falta de assunto. Mas não me policiei.
     Eu me permiti lamber, cheirar, beijar, babar, errar e acertar. Aprendi a compartilhar, doar e receber. Ouvi muitos conselhos. Uns até segui. Outros, dei de ombros. Simpatias? Até hoje sei um vasto repertório, mas fazia só a do pontinho vermelho. Aquela do soluço. E não é que parava?!
     Recorri mesmo foi ao instinto. Não ao materno, mas sim,  ao de sobrevivência. Precisava "sobreviver", e bem, por você e por mim ao evento que é ter um filho, ainda que fosse o segundo, tão essencial, querido e diferente do primeiro, o Pedro.
     Davi é a minha segunda janela. Mais uma chance que tive de espiar com singularidade e generosidade o mundo que, com certeza, ficou bem melhor depois que eles chegaram. São meus dois olhos por onde enxergo através do amor. Onde me reconheço mais humana, mais condescendente até comigo. Pode ser clichê mas não me importo, vou me permitir. Porque com eles é assim:  vivo me permitindo e tenho sido redundante e obviamente FELIZ! Não vou me policiar...não com eles!



( Postado originalmente em 14/03/2012/Gaveta Virtual/blog pessoal)